PAUL HARRIS
Paul Harris nasceu em 19 de abril de
1868
Administrar seu dinheiro não era um dos maiores talentos do
casal, de modo que uma boa parte do sustento vinha do pai de George. Quando
passaram por uma fase difícil em 1871, George levou os meninos para a casa de
seus pais, em Vermont, deixando Cornelia - e seu bebê recém-nascido - morando
em uma pensão em Racine.
Cecil, então com cinco anos e meio, e Paul, com três, logo se
acostumaram com o ambiente do vale das Montanhas Verdes de Verrnont.
Carninhavarn pelas trilhas, ajudavam a alimentar os animais da fazenda e
saboreavam os doces caseiros, sob o olhar vigilante de seus rígidos e ternos
avós.
Cecil logo voltou para a companhia de seus pais e irmãos -
além do bebê, logo viriam mais dois - mas Paul ficou.
Howard Harrís, homem de pouca escolaridade, havia, um dia,
desejado ser advogado, sonho que logo transmitiu para Paul, que escreveria mais
tarde que toda a firmeza de propósito, integridade e sinceridade com que nasceu
foram herdadas de seu avô; e o amor pelos seres humanos, especialmente pelas
crianças, veio de sua avó Pamela.
Paul era um menino levado, e frequentemente, pulava a janela
de seu quarto para brincar com os colegas, enquanto seus avós pensavam que
estivesse dormindo. Ao terminar o curso secundário, Paul se
matriculou na Academia Black River, em Ludlow, mas acabou sendo "convidado
a se retirar" por causa de suas travessuras. Seus avós, então, o matricularam
na Academia Vermont, uma escola militar. Em 1885, ele entrou para a
Universidade de Vermont, em Burlington, de onde foi expulso por mau
comportamento, só que, desta vez, injustamente. Anos depois, a universidade se
desculpou e conferiu um título a Paul e mais três colegas que também haviam
sido injustiçados.
Paul começou a trabalhar como professor particular e entrou
para a Universidade de Princeton. Enquanto Paul estava em Princeton seu avô
morreu, o que o fez ficar mais próximo ainda de sua avó.
Depois de seu primeiro ano na universidade, Paul foi
trabalhar em uma marmoraria, como office-boy, ganhando um dólar por dia.
Seu bom desempenho mereceu elogios do patrão. Confiante de que sua avó ficaria
bem na casa da filha, Paul foi estudar Direito na Universidade Estadual de
lowa, onde adquiriu um grande amor pela leitura, especialmente dos trabalhos de
Charles Dickens e das biografias dos grandes líderes.
Pouco tempo depois de sua formatura, em 1891, sua avó morreu.
Em seu enterro, Paul percebeu que ela havia vivido toda a sua vida em um
pequeno vale. Embora tenha sido feliz, ele decidiu que iria conhecer o mundo e
passar os próximos cinco anos estudando todos os ângulos possíveis da vida
humana, em tantos lugares quanto possível. Depois, voltaria para Chicago para exercer
a advocacia.
A primeira parada de Paul foi a Califómia. Em julho de 1891,
chegou em São Francisco, de bolsos vazios. Conseguiu um emprego de repórter no
jornal Chronicle, mas logo ele e um colega deixaram o jornal para viajar
pelo estado. Trabalharam como ajudantes em fazendas, colheram uvas, deram aulas
em escolas profissionalizantes, fizeram parte de uma companhia de teatro e
viajaram por toda a região. Paul, então, foi para a Flórida e começou a
trabalhar como recepcionista noturno em um hotel da cidade de Jacksonville.
Depois, trabalhou como caixeiro-viajante para uma firma de compra e venda de
mármore de propriedade de George W. Clark que, vinte anos depois, seria
presidente do Rotary Club de Jacksonville.
Depois de conhecer Washington, durante a posse do Presidente
dos EUA, Grover Cleveland, foi vender mármore no "Velho Sul". Na
Filadélfia, empregado como tratador de gado, embarcou em um navio que ia para
Liverpool, numa cansativa viagem de 14 dias. Por ter data marcada para voltar e
honrar seus compromissos, não pôde realizar o sonho de conhecer Londres.
De volta à Filadélfia, resolveu ir de trem para a Feira
Mundial de Chicago. De lá seguiu para Nova Orleans, onde trabalhou encaixotando
laranjas e pescando ostras nas baías pantanosas. De volta a Jacksonville, foi
trabalhar outra vez na empresa de George Clark, e, durante um ano, cobriu todos
os estados do sul, Cuba e as Bahamas. George o enviou, então, para a Grã
Bretanha, para supervisionar as mi- nas de granito e mármore de toda a Europa
Continental. Em cada lugar por onde passava, fazia amigos.
Já de volta aos EUA, Paul começou a planejar sua vida em
Chicago. Passado três anos e meio dos cinco planejados, ele precisava de
dinheiro. Mais uma vez voltou a trabalhar para George Clark, que lhe deu a
chefia do escritório de Nova lorque.
Em 27 de fevereiro de 1896, quatro meses antes do limite de
cinco anos terminar, Paul chegou em Chicago. Alugou um pequeno conjunto de
escritórios e toda a mobília para equipá-los, escolheu um para si e sublocou os
outros. A Chicago da virada do século era uma cidade em crescimento e as
constantes mudanças sociais e financeiras proporcionavam bons negócios para os
advogados.
A natureza amável de Paul lhe rendeu amizades em todas as
camadas sociais. Mas, aos domingos e feriados, o "rapaz do campo"
adorava sair da cidade. E, ao passear pelos arredores da cidade, sonhava com as
amizades simples de seu lar.
Em uma noite de verão de 1900, Paul jantou com um amigo no
bairro Rogers Park, de Chicago. Depois, os dois foram dar um passeio, parando
em vários lugares onde se concentravam as empresas da cidade. Em cada uma
delas, seu amigo o apresentava ao proprietário. Paul começou a pensar que seria
uma boa idéia reunir um grupo de colegas de negócios em um ambiente informal,
de amizade. E ainda haveria uma vantagem especial se cada um representasse uma
profissão diferente. Pensou em seus próprios clientes: Silvester Schiele,
comerciante de carvão; Gustavus Loehr, engenheiro de minas; Harry Ruggles,
gráfico. Na noite de 23 de fevereiro de 1905, Paul, Silvester e Gus se
reuniram, junto com Hirain Shorey, alfaiate, no escritório de Gus, no Edifício
Unity, no centro de Chicago.
Assim, começaram a se encontrar regularmente, levando os
amigos para o seu "clube". Paul sugeriu alguns nomes para esse clube,
e escolheram Rotary, já que o plano era realizar encontros em esquema rotativo,
nos escritórios de todos. O número de associados cresceu rapidamente, atraindo
homens que obtiveram êxito em seus negócios sem qualquer ajuda, a maioria
solteiros vindos de fazendas ou cidades pequenas. Logo, clubes do Rotary
começavam a ser fundados em outras cidades.
Paul compreendeu que o sistema de clubes - com seus
diferentes membros compartilhando seu ponto em comum, a amizade - era uma ótima
oportunidade para encorajar a tolerância política e religiosa e também para servir.
Ele tinha convicção de que a amizade levava, inevitavelmente, à boa vontade e
às grandes realizações.
Paul Harris não gastava todas as suas energias no Rotary.
Trabalhava muito como advogado, e também era membro da Associação Comercial de
Chicago, do Clube da Cidade, da Associação dos Advogados de Chicago e do
Hinsdale Golf Club.
Além de todas essas associações, ainda fazia parte de um
clube de caminhadas e passeios, o Prairie Club. Lá, conheceu uma moça chamada
Jean Thomson, que viera da Escócia há três anos. Apenas três meses depois, se
casaram.
Em 1907, Paul sucedeu Albert L. White como presidente do
Rotary Club de Chicago, e exerceu a metade de um mandato. Em 1910,
representantes de 14 Rotary Clubs independentes compareceram à primeira
convenção em Chicago, "com Chesley Perry marcando o ritmo do
trabalho". A partir daí, a "Associação Nacional de Rotary Clubs
emergiu, com estatuto e regimento interno cuidadosamente preparados" - e
com Paul Harris como presidente e Ches Perry como secretário.
Quando Ches pediu a Paul que escrevesse uma mensagem para os
então 1.800 sócios dos Rotary Clubs, ele respondeu com um ensaio tão longo que
Ches teve que mandar imprimi-lo
Ches Perry guiava a organização e a administração da
Associação, e Paul trabalhava principalmente com as relações públicas. Visitava
clubes